O excesso de vida, a falta de contrição, a ação sobre a ação e a falta de um pouco de não ação,causam dor e sofrimento. Os homens são como “marionetes conduzidos por fios invisíveis no seu interior”, ou seja, a vontade, que é, o principio da natureza que move o mundo e o homem. O homem está sujeito à força cega e universal da vontade. É um querer irracional e inconsciente, sem ordem nem objetivo, que domina e transforma o mundo num absurdo cruel e doloroso.O homem deve aprender a administrar a vontade individual que se choca com a vontade do mundo.
A vida é uma queda perpétua em direção à morte em que o prazer é a ausência de dor. Toda realização é um ponto de partida de novos desejos. O não querer ajuda o homem a se livrar dos desejos e a conquistar a liberdade. Negar o querer é ajudar a encontrar a paz imperturbável, pois, a vontade quando se desliga da vida se desliga da dor.A individualidade é fonte de sofrimento, pois nosso querer particular entra em conflito com o querer do mundo, por isso, compartilhar nossa dor e sofrimento é o caminho para a compaixão .domingo, 11 de dezembro de 2011
sábado, 8 de outubro de 2011
SER PROFESSOR É TER A CAPACIDADE DE "SAIR DE CENA, SEM SAIR DO ESPETÁCULO"
Atualmente ser professor é estar conectado ao avanço tecnológico, científico e ético. Por isso, é preciso que o professor se atualize constantemente para enfrentar os desafios na esfera da técnica e da ética. Tudo muda muito rápido, pois o acesso à informação é instantâneo e democrático. Além da mudança na concepção de carreira profissional, em que, o professor já não é mais visto como o detentor do conhecimento, este deve preocupar- se com a administração da sua vida profissional, buscando adquirir novas competências para transmiti-las as seus alunos. Se compararmos o professor atual com o professor do passado, poderemos perceber que para educar os nossos alunos, devemos nos adaptar à realidade social do mundo contemporâneo em todos os aspectos tecnológicos e éticos.
AÇÕES DE UM PROFESSOR:
SUBIR,CAIR, DIVIDIR, DESPERDIÇAR, COMER, VOMITAR, CONFUNDIR, COMPLICAR, DESCOMPLICAR, ILUMINAR, CEGAR, GUIAR, RASGAR, BEM DEVAGAR. VEJA A LETRA DE TOM ZÉ:
TÔ
Tô bem de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair
Tô dividindo prá poder sobrar
Desperdiçando prá poder faltar
Devagarinho prá poder caber
Bem de leve prá não perdoar
Tô estudando prá saber ignorar
Eu tô aqui comendo para vomitar
Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer
Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar
SUBIR,CAIR, DIVIDIR, DESPERDIÇAR, COMER, VOMITAR, CONFUNDIR, COMPLICAR, DESCOMPLICAR, ILUMINAR, CEGAR, GUIAR, RASGAR, BEM DEVAGAR. VEJA A LETRA DE TOM ZÉ:
TÔ
Tô bem de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair
Tô dividindo prá poder sobrar
Desperdiçando prá poder faltar
Devagarinho prá poder caber
Bem de leve prá não perdoar
Tô estudando prá saber ignorar
Eu tô aqui comendo para vomitar
Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer
Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar
Suavemente prá poder rasgar
Olho fechado prá te ver melhor
Com alegria prá poder chorar
Desesperado prá ter paciência
Carinhoso prá poder ferir
Lentamente prá não atrasar
Atrás da vida prá poder morrer
Eu tô me despedindo prá poder voltar
Regras de Bill Gates
Bill Gates foi convidado por uma escola secundária para uma palestra. Chegou de helicóptero, tirou o papel do bolso onde havia escrito onze itens.Leu tudo em menos de 5 minutos, foi aplaudido por mais de 10 minutos sem parar, agradeceu e foi embora em seu helicóptero. Eis o que ele proferiu que ficou conhecida como suas famosas regras.
1. A vida não é fácil — acostume-se com isso.
2. O mundo não está preocupado com a sua autoestima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.
3. Você não ganhará R$20.000 por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.
4. Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.
5. Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
6. Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.
7. Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
8. Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido… RUA!!! Faça certo da primeira vez!
9. A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
10. Televisão NÃO é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.
11. Seja legal com os CDFs. (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns
babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um
deles.
Olho fechado prá te ver melhor
Com alegria prá poder chorar
Desesperado prá ter paciência
Carinhoso prá poder ferir
Lentamente prá não atrasar
Atrás da vida prá poder morrer
Eu tô me despedindo prá poder voltar
Regras de Bill Gates
Bill Gates foi convidado por uma escola secundária para uma palestra. Chegou de helicóptero, tirou o papel do bolso onde havia escrito onze itens.Leu tudo em menos de 5 minutos, foi aplaudido por mais de 10 minutos sem parar, agradeceu e foi embora em seu helicóptero. Eis o que ele proferiu que ficou conhecida como suas famosas regras.
1. A vida não é fácil — acostume-se com isso.
2. O mundo não está preocupado com a sua autoestima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.
3. Você não ganhará R$20.000 por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.
4. Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.
5. Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
6. Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.
7. Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
8. Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido… RUA!!! Faça certo da primeira vez!
9. A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
10. Televisão NÃO é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.
11. Seja legal com os CDFs. (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns
babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um
deles.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
BIOÉTICA
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
ÉTICA E MORAL
Sócrates propõe que ética não deve ser obtida apenas pelo modelo educativo dos textos homéricos, mas sim, pelo uso da razão que nos conduzirá à verdadeira virtude, que é o conhecimento. A educação da alma deve ser motivada para nos libertar das crenças e construir conceitos fundamentados em ideias racionais. O sujeito ético, portanto, é aquele que tem consciência de seus atos, sabendo diferenciá-lo através do juízo, que é a capacidade intelectual de escolha, avaliação e decisão de nossos atos.
Na Grécia Antiga os problemas éticos relatados em tragédias imputava ao agente toda a culpa. É o caso de Édipo, que teve um destino trágico e foi considerado culpado antes mesmo da tragédia acontecer, sendo abandonado pelos pais, que, ouvindo os conselhos do oráculo resolveram manda-lo para bem distante. Édipo mata o pai e se casa com a mãe sem ter consciência. Atualmente a ética é formulada permite a reflexão sobre o que é moral e imoral, com isso o agente tem a chance de ser investigado e julgado de forma justa sobre o ponto de vista ético. Tragédias ainda acontecem, como é o caso de um atirador que entra em uma escola e mata treze crianças e fere outras, mas, como entender esse fato do ponto de vista ético. De quem é a culpa afinal? Devemos colocar a culpa em Deus e na religião, ou a ética não é capaz de nos dar uma resposta racional pelo fato ocorrido? Com certeza esse fato terá muitos desfechos de opiniões e do ponto de vista ético podemos afirmar que, se colocar a culpa em alguma coisa não cairemos na inercia e não teremos como fazer uma reflexão ética.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Diferenças entre o capitalismo e o socialismo
O QUE É CAPITALISMO?
É o sistema social e econômico baseado no reconhecimento dos direitos do indivíduo, incluindo o direito à propriedade, em que, toda propriedade é privada. A única função do governo nesta sociedade é a tarefa de proteger os direitos do homem, ou seja, a tarefa de protegê-lo de violência.
Em uma sociedade capitalista, todo relacionamento humano é voluntário. Os homens são livres para cooperar ou não, para lidar com o outro ou não, de acordo com seus julgamentos, convicções e interesses.
O QUE É SOCIALISMO?
Socialismo é a denominação genérica de um conjunto de teorias socioeconômicas, ideologias e políticas que postulam a abolição das desigualdades entre as classes sociais. Para caracterizar uma sociedade exclusivamente socialista é necessário que estejam presentes os seguintes elementos: limitação do direito à propriedade privada, controle dos principais recursos econômicos pelos poderes públicos, com a finalidade teórica de promover a igualdade social, política e jurídica.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
FILOSOFIA E GÊNERO
A DIFERENÇA ENTRE HOMENS E MULHERES.
Segundo a filosofa Simone de Beauvoir a sociedade conceitua homens e mulheres e estabelece papeis, em que a mulher sempre é tratada de forma preconceituosa. A pensadora defende a tese de que o gênero sexual deve ser encarado como uma questão de conhecimento, portanto, epistemológico e filosófico. As diferenças biológicas não devem ser entendidas como justificativas de divisão social, é preciso que prevaleça a igualdade de gênero. A condição da mulher é uma escolha dos homens apoiada pela submissão das mulheres. Para a libertação das mulheres, elas devem assumir a responsabilidade de mudar a situação de submissão, pois são seres livres, e só ficarão submetidas ao preconceito social por escolha própria.
A única libertação possível das mulheres virá da política, isto é, da união das próprias mulheres. Elas precisam se encontrar, reconhecer seus problemas, partilhar idéias, o que quer dizer que precisam lutar juntas. Não há como ser diferente, pois não se pode esperar que todos os homens abram mão dos seus privilégios pelas mulheres. Para essa filosofa, não se trata de colocar as mulheres contra os homens, mas de coloca-las contra o machismo e contra as situações de opressão.
Para a filosofa Judith Butler é a sociedade que define as identidades do homem e da mulher. O corpo físico é só o espaço em que a sociedade define a sua divisão de trabalho. Homens fazem isto, mulheres aquilo. Em outras palavras, ninguém nasce homem ou mulher, sendo a sociedade a responsável por ensinar as crianças a ser homens e mulheres.
Se um bebê nascer no Brasil, mas for criado no Japão por uma família japonesa, como ele verá o mundo? Como brasileiro ou como japonês? E quando estiver com fome, vai desejar comer que tipo de comida, japonesa ou brasileira? Assim acontece com o gênero: ao nascer, ou durante os exames pré-natais, determina-se o gênero da criança segundo o sexo biológico. Ou seja, como para o senso comum, sexo é igual a gênero, isso determinará o tipo de roupas e brinquedos que a criança vai receber até formar valores que vão sendo destinados a ela. Entretanto, se considerarmos que sexo e gênero são coisas diferentes, a determinação de gênero depende, histórica e socialmente, da cultura social. Será que existe uma determinada genética que afirme que as meninas deverão lavar louça enquanto os irmãos podem jogar bola? Ou que as mulheres não deveriam ocupar cargos de chefia? Quando se divide o mundo em dois gêneros, afirma-se o binarismo do sexo. Ou o individuo se encaixa em um gênero sexual, ou em outro.
A história tem demonstrado que as funções de homens e mulheres têm mudado com o tempo. Elas não são naturais, não há uma essência feminina ou masculina. Tudo isso é um posicionamento para controlar a vida das pessoas. Os meninos têm de ser sempre fortes; e as meninas, sensíveis. Mas, para Butler, meninos e meninas são criações artificiais, e aqueles que conseguem entrar no padrão acabam sendo bem-sucedidos, excluindo-se os demais. Esses encaixes beneficiam principalmente os homens.
“Mulher, desperta! A força da razão se faz escutar em todo o Universo. Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira. “
GOUGES, Olympe de. Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã.
Para Olympe de Gouges, o homem era escravo das superstições que o faziam se rebaixar diante do fanatismo e do rei. Com a Revolução Francesa, ele teria conquistado sua liberdade, mas acabou sendo injusto com a sua companheira.
domingo, 4 de setembro de 2011
A FORMAÇÃO DE CONDUTA MORAL
O Bem e o
Mal
O Bem e o
Mal estão conjugados dentro de um sistema filosófico que nos faz perceber a
dimensão do caráter humano. O homem é o conjunto de consequências das práticas
morais, por isso, está ligado a estas duas dimensões: Bem e Mal. Sendo o homem,
um ser aberto, um sistema em construção, e uma razão de ser, ou, um vir a ser,
que para se adaptar à realidade deve seguir algumas leis que não estão
incorporadas no seu eu.
Para que o
homem viva em harmonia com a realidade, tanto do ponto de vista interior como
do ponto de vista exterior, ele deve seguir os princípios da razão moral, que
irão moldar as suas ações. Alguns pensadores sonham com a formação de atitudes
moralmente corretas criadas sem a imposição de normas, como se estas já
estivessem tacitamente incutidas na alma, mas infelizmente não é assim. Quando
o agente não possui este conjunto de regras, ele deve aprender, mesmo que for
necessário a punição. A punição faz com que a pessoa se conscientize de que
suas ações pessoais implicam em transformações e em consequências para si e
para o outro. (Mas a punição nunca deve ser aplicada como vingança).
A prática de
uma ação imoral sempre atrai a condenação dos outros, o mal não existe sem a existência do outro e sem a coletividade não
moral, para que haja moral, é necessário que as exigências morais criadas
através de uma rede se manifestam em atitudes morais.
O
mal é atraente, portanto precisa ser controlado por uma força maior, que
funcionará como um "freio dos nossos desejos". Com a aplicação de
normas morais, o mal se reverterá em Bem, pois através da prática de regras, as
ações morais se transformarão em hábito e estes em virtude que serão
incorporadas à alma. Sendo assim é possível estabelecermos contratos em que
renuncio a minha vontade em busca da felicidade, consciente de que a vontade do
outro é semelhante à minha.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
LIBERDADE
Palestra sobre Bullying - Raquel Garcia - SP Dezembro de 2021
Na formação da identidade, o jovem se identifica com os seus pares e o diferente, algumas vezes torna-se ameaçador, por revelar outras formas de ser e estar no mundo, mostrando fragilidade que afrontam deter minados grupos. É comum que os grupos de jovens na tentativa de impor o seu valor depreciem a manifestação do outro de forma agressiva.
O Bullying, termo utilizado para descrever uma violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo causando dor e angústia(fonte Wikipédia).É uma violência contra a integridade humana, e fere os princípios defendidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece a liberdade de expressão.
O Bullying, termo utilizado para descrever uma violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo causando dor e angústia(fonte Wikipédia).É uma violência contra a integridade humana, e fere os princípios defendidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece a liberdade de expressão.
Quando existe o risco de os objetos de identificação virarem desculpas para a intolerância com os que pensam diferente, é fundamental questionar, em sala de aula, a postura coletiva. (Ana Rita Martins).
sábado, 13 de agosto de 2011
O problema filosófico
O eixo central da filosofia é o problema filosófico, filosofar é complicar o descomplicado, descomplicando o complicado. As questão filosófica aparenta ser uma questão banal, mas o filósofo se encarrega de desbanalizá-la transformando-a em problema. O simples se torna complexo e o complexo se torna simples. É impossível desenvolver o pensamento critico sem a perplexidade de temas que nos levam ao espanto, que por sua vez provocam o olhar critico no sujeito cognoscente e que nos propicia vivenciar atitudes filosóficas e o interesse em responder às questões diante das situações que vivenciamos no dia-a-dia. Devemos encarar os problemas e buscar uma resposta, mas essa resposta deverá nos trazer novas indagações. Se escrevêssemos uma peça teatral relatando a história da filosofia, os personagens principais seriam: os problemas, as questões e os temas.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
O ESTADO
PLATÃO E A CONCEPÇÃO ORGANICISTA DE ESTADO
O ESTADO PRECEDE O INDIVIDUO
Na Grécia Antiga, havia uma concepção de democracia específica e que apresentava algumas diferenças em relação à concepção que conhecemos no século XXI. Democracia significava o poder do povo, tal como entendemos hoje, porém, na Antiguidade Grega, constituíam o povo apenas os proprietários de terra e os grandes comerciantes em algumas cidades-Estado. E foi contra isso que Platão dirigiu seu pensamento, propondo repensar a política de forma que o poder não fosse dado pelo nascimento e que, em vez da manutenção da corrupção, fosse praticada a justiça.
Para Platão, assim como o homem tem uma alma dividida em três partes, a cidade também deveria ser tripartida, conforme funções bem definidas, para as quais os indivíduos fossem escolhidos pelas suas capacidades, surgidas no processo de educação. Segundo o filósofo, as três partes da alma eram as seguintes:
1. Parte racional: responsável pelo uso da razão dos homens.
2. Partes irracionais:
a) irascível: responsável pelos impulsos e afetos.
b) concupiscente: responsável pelas necessidades básicas.
Comparando a alma à cidade, Platão produziu um pensamento organicista, isto é, procurou entender a política e a sociedade como se fossem organismos vivos. Quanto às funções específicas de cada parte da alma e sua equivalência com a organização da cidade, é possível apresentá-las de forma esquematizada
Partes da alma
Função
Classes da cidade
Função
Racional: responsável pelo uso da razão.
Magistrados e governantes. responsáveis por governar com sabedoria.
Irracional/irascível: responsável pelos impulsos e afetos -guerreiros- responsáveis por proteger a cidade com fortaleza.
Irracional/concupiscente:responsável pelas necessidades básicas-artesãos, agricultores e comerciantes-responsáveis por prover as necessidades da cidade com temperança.
As classes sociais irracionais, ainda que constituíssem a maioria da população, deveriam submeter-se à classe social racional, o menor grupo. Nesse sentido, tornava imperativo rejeitar a vontade individual por um bem maior, de natureza política. O Estado, então, seria o responsável para que tudo ocorresse de maneira saudável, respondendo pela organização da sociedade.
Os magistrados (juízes) e os governantes seriam escolhidos para esses cargos segundo sua capacidade racional e sua sabedoria. Os guerreiros seriam encontrados entre os que tinham coragem e força. Finalmente, os trabalhadores gerais estariam entre as pessoas temperantes, isto é, moderadas, que refreiam os próprios desejos.
Cada classe seria constituída por meio da educação e não mais - como se fazia na prática - pelo nascimento. Platão observou que os ricos se mantinham ricos e poderosos, pois podiam pagar pela educação oferecida pelos sofistas, filósofos que prestavam serviços remunerados como professores, para parecerem sábios e conseguirem seus altos cargos, independentemente de ser ou não sábios.Algumas das principais críticas à ideia de pensar a vida política ou social como um corpo - ou, no caso de Platão, como uma alma - podem vir da constatação de que os indivíduos não conseguem assumir outra condição social vivendo em uma espécie de desigualdade natural.
O quadro a seguir nos permite refletir sobre a cidade ideal de Platão e como a nossa cidade é.
Cidade ideal de Platão Nossa cidade como é Cabeça/razão: governantes - juízes sábios.Quem detém o poder? Tronco/coragem: soldados e guardas corajosos.Quem defende a cidade? Membros / temperança: Artesãos, comerciantes e agricultores.Quem sacia as necessidades da cidade?
Para Platão, por meio da educação, seria possível fornecer à cidade os melhores funcionários, evitando-se, assim, a corrupção. Os governantes estariam a serviço de todos, os soldados defenderiam as pessoas e todos trabalhariam com honestidade e qualidade a característica egoísta humana e ao anseio de sobrevivência, mesmo que tirando a vida dos semelhantes, foi necessário a criação de uma Instituição para controlar a vontade particular "domando" o homem de tal modo que, se sentisse livre, mas ao mesmo tempo acorrentado. Um poder imenso que nos tornaria iguais. Este poder foi inspirado em um monstro bíblico chamado Leviatã. Antes da criação do Estado, os homens viviam em guerra, pois não existiam leis. Com a criação do Estado, os homens fizeram um acordo com o representante no poder, renunciariam às vontades particulares em troca de vontades coletivas.O que fundamenta o Estado é, pois, na visão dos jusnaturalistas, o desejo dos indivíduos de viverem de acordo com a razão - o que vai de encontro com sua perspectiva de produzir uma teoria racional do Estado - e não mais de acordo com os instintos, paixões e interesses puramente individuais e egoístas. Acontece que a instituição do Estado traz um sério problema: como conciliar o bem individual da liberdade com a necessária obediência que cada um dos indivíduos deve prestar ao Estado?
Hobbes: O Estado como segurança
Para Thomas Hobbes, o primeiro grande filósofo contratualista, essa questão não se coloca: o indivíduo assume uma renúncia quase total, prestando obediência ao soberano instituído pelo pacto em nome de sua segurança. Tal abdicação da liberdade deve-se à concepção de Hobbes do estado de natureza: a guerra total, a luta generalizada (bellum omnium contra omnes), que dá-se por ser o homem, naturalmente, o lobo do homem (homo homini lupus).
A reflexão do filósofo é bastante curiosa: por natureza, todos os homens são absolutamente iguais, nada há que os diferencie e, portanto, um jamais poderá ter poderes sobre os outros12 : dessa igualdade total advém a desconfiança e, dela, a guerra. A guerra decorre do fato de que um indivíduo precisa atacar o outro, seja para vencê-lo seja para evitar, de antemão, que seja por ele atacado. Numa tal situação, a guerra que, em princípio é racional, torna-se absurda, pois não há vencedor(es) possível(eis). Numa tal guerra não existem também injustiças, posto que onde não impera a lei não é possível a definição do que é justo; ainda por outro lado, neste estado de natureza a propriedade tampouco é possível, pois não há como conseguir e defender coisas em meio a uma guerra de todos contra todos. Assim, determinadas paixões humanas fazem com que a razão institua o Estado.
Para Platão, por meio da educação, seria possível fornecer à cidade os melhores funcionários, evitando-se, assim, a corrupção. Os governantes estariam a serviço de todos, os soldados defenderiam as pessoas e todos trabalhariam com honestidade e qualidade a característica egoísta humana e ao anseio de sobrevivência, mesmo que tirando a vida dos semelhantes, foi necessário a criação de uma Instituição para controlar a vontade particular "domando" o homem de tal modo que, se sentisse livre, mas ao mesmo tempo acorrentado. Um poder imenso que nos tornaria iguais. Este poder foi inspirado em um monstro bíblico chamado Leviatã. Antes da criação do Estado, os homens viviam em guerra, pois não existiam leis. Com a criação do Estado, os homens fizeram um acordo com o representante no poder, renunciariam às vontades particulares em troca de vontades coletivas.O que fundamenta o Estado é, pois, na visão dos jusnaturalistas, o desejo dos indivíduos de viverem de acordo com a razão - o que vai de encontro com sua perspectiva de produzir uma teoria racional do Estado - e não mais de acordo com os instintos, paixões e interesses puramente individuais e egoístas. Acontece que a instituição do Estado traz um sério problema: como conciliar o bem individual da liberdade com a necessária obediência que cada um dos indivíduos deve prestar ao Estado?
Hobbes: O Estado como segurança
Para Thomas Hobbes, o primeiro grande filósofo contratualista, essa questão não se coloca: o indivíduo assume uma renúncia quase total, prestando obediência ao soberano instituído pelo pacto em nome de sua segurança. Tal abdicação da liberdade deve-se à concepção de Hobbes do estado de natureza: a guerra total, a luta generalizada (bellum omnium contra omnes), que dá-se por ser o homem, naturalmente, o lobo do homem (homo homini lupus).
A reflexão do filósofo é bastante curiosa: por natureza, todos os homens são absolutamente iguais, nada há que os diferencie e, portanto, um jamais poderá ter poderes sobre os outros12 : dessa igualdade total advém a desconfiança e, dela, a guerra. A guerra decorre do fato de que um indivíduo precisa atacar o outro, seja para vencê-lo seja para evitar, de antemão, que seja por ele atacado. Numa tal situação, a guerra que, em princípio é racional, torna-se absurda, pois não há vencedor(es) possível(eis). Numa tal guerra não existem também injustiças, posto que onde não impera a lei não é possível a definição do que é justo; ainda por outro lado, neste estado de natureza a propriedade tampouco é possível, pois não há como conseguir e defender coisas em meio a uma guerra de todos contra todos. Assim, determinadas paixões humanas fazem com que a razão institua o Estado.
Locke: o Estado como garantia da propriedade. John Locke também lança mão da hipótese do estado de natureza para a construção de sua filosofia política. Contrariamente a Hobbes, porém, não vê nesse estado uma guerra permanente; segundo este filósofo, o fato de os homens viverem na mais absoluta liberdade não implica em que vivessem sem leis. No estado de natureza os homens seriam governados pela lei natural da razão, sendo seu princípio básico a preservação da vida; não se sairia agredindo e matando os outros indistintamente, portanto, apenas para tirar-lhes as propriedades ou evitar um possível ataque. Já no estado de natureza os homens estão aptos a possuir bens; de acordo com Locke, todo indivíduo já nasce proprietário de seu corpo e de sua capacidade de trabalho. Tudo aquilo que produzir, retirando ou transformando a natureza, através de seu próprio trabalho, será de sua propriedade.
Rousseau: o Estado como promotor da "vontade geral"
O filósofo genebrino Jean-Jacques Rousseau pode ser visto como um opositor de Hobbes. Enquanto o este concebia o estado natural como guerra e o estado social como fonte de segurança individual, Rousseau afirmava o estado natural como fonte da liberdade e da igualdade, sendo essencialmente bom, enquanto que a sociedade política era a fonte da guerra, posto que instaurava a desigualdade entre os homens.
Em seu famoso Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1754/55), esse filósofo identifica o estado de natureza com a "idade do ouro", quando os homens eram todos livres e iguais entre si, vivendo em paz e harmonia. A origem da propriedade é também a origem da desigualdade, pois as diferenças naturais não devem ser levadas em conta, mas apenas aquela que instaura uma desigualdade de fato, que é a desigualdade social que aí se origina. A origem da propriedade é também a origem da sociedade, pois "o verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo."
O Modelo Hegelo-Marxiano
Se o modelo jusnaturalista tinha em sua essência a oposição estado natural versus estado civil, este novo modelo, embora rompendo essa dicotomia, baseia-se numa outra oposição: sociedade civil versus sociedade política. Norberto Bobbio afirma, entretanto, que Hegel deve ser visto como o coroamento do jusnaturalismo, pois se entendemos esse modelo como a busca da concepção do Estado-razão, é em Hegel que ele a encontra de forma mais elaborada. Por outro lado, ele é também o maior crítico do jusnaturalismo, recolocando a questão em novos termos.
"Com Hegel, o modelo jusnaturalista chegou à sua conclusão. Mas a filosofia de Hegel é não apenas uma antítese, mas também uma síntese. Tudo o que a filosofia política do jusnaturalismo criou não é expulso do seu sistema, mas incluído e superado (o mesmo ocorre com o conjunto dos conceitos herdados através do modelo aristotélico)."
O Estado Capitalista
O Estado moderno, cuja conceituação vimos explanando, cristaliza-se historicamente no Estado capitalista; não seria exagero afirmar que a busca iniciada por Maquiavel de descrever a política como ela realmente é, em oposição às utopias normativas clássicas que remontam à Aristóteles e a Platão, são esforços no sentido de conceituar esse Estado nascente que se desenvolve paulatinamente. Boa parte desta busca seria sistematizada por Marx no século dezenove com suas análises econômicas e políticas do capitalismo. Como as conceituações filosófico-políticas não são construídas no vazio das abstrações puras, mas em relação direta com as condições materiais experimentadas, traçaremos agora algumas das características que o Estado capitalista assume ao longo da história.
O Estado capitalista, desde suas formas mais arcaicas, constitui-se a partir e através da derrocada do Estado feudal. Como fruto e instrumento de uma nova organização sócio-econômica, abandona e mesmo contrapõe-se a muitas das características daquela estrutura política que ele vem a substituir; por outro lado, muitas das características dos antigos sistemas políticos persistem, mascaradas ou não, na estrutura do Estado capitalista. Essa característica já era percebida por Tocqueville ainda na primeira metade do século dezenove, quando ele afirmava que as sociedades democráticas modernas substituíam a sociedade hierárquica antiga, mas que nem por isso substituíam ou aboliam a hierarquia mesma. Isso pode ser notado, por exemplo, em O Antigo Regime e a Revolução, quando ele fala da situação das transformações sociais e políticas na Inglaterra.
http://www.cedap.assis.unesp.br/cantolibertario/textos/0007.html
Rousseau: o Estado como promotor da "vontade geral"
O filósofo genebrino Jean-Jacques Rousseau pode ser visto como um opositor de Hobbes. Enquanto o este concebia o estado natural como guerra e o estado social como fonte de segurança individual, Rousseau afirmava o estado natural como fonte da liberdade e da igualdade, sendo essencialmente bom, enquanto que a sociedade política era a fonte da guerra, posto que instaurava a desigualdade entre os homens.
Em seu famoso Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1754/55), esse filósofo identifica o estado de natureza com a "idade do ouro", quando os homens eram todos livres e iguais entre si, vivendo em paz e harmonia. A origem da propriedade é também a origem da desigualdade, pois as diferenças naturais não devem ser levadas em conta, mas apenas aquela que instaura uma desigualdade de fato, que é a desigualdade social que aí se origina. A origem da propriedade é também a origem da sociedade, pois "o verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo."
O Modelo Hegelo-Marxiano
Se o modelo jusnaturalista tinha em sua essência a oposição estado natural versus estado civil, este novo modelo, embora rompendo essa dicotomia, baseia-se numa outra oposição: sociedade civil versus sociedade política. Norberto Bobbio afirma, entretanto, que Hegel deve ser visto como o coroamento do jusnaturalismo, pois se entendemos esse modelo como a busca da concepção do Estado-razão, é em Hegel que ele a encontra de forma mais elaborada. Por outro lado, ele é também o maior crítico do jusnaturalismo, recolocando a questão em novos termos.
"Com Hegel, o modelo jusnaturalista chegou à sua conclusão. Mas a filosofia de Hegel é não apenas uma antítese, mas também uma síntese. Tudo o que a filosofia política do jusnaturalismo criou não é expulso do seu sistema, mas incluído e superado (o mesmo ocorre com o conjunto dos conceitos herdados através do modelo aristotélico)."
O Estado Capitalista
O Estado moderno, cuja conceituação vimos explanando, cristaliza-se historicamente no Estado capitalista; não seria exagero afirmar que a busca iniciada por Maquiavel de descrever a política como ela realmente é, em oposição às utopias normativas clássicas que remontam à Aristóteles e a Platão, são esforços no sentido de conceituar esse Estado nascente que se desenvolve paulatinamente. Boa parte desta busca seria sistematizada por Marx no século dezenove com suas análises econômicas e políticas do capitalismo. Como as conceituações filosófico-políticas não são construídas no vazio das abstrações puras, mas em relação direta com as condições materiais experimentadas, traçaremos agora algumas das características que o Estado capitalista assume ao longo da história.
O Estado capitalista, desde suas formas mais arcaicas, constitui-se a partir e através da derrocada do Estado feudal. Como fruto e instrumento de uma nova organização sócio-econômica, abandona e mesmo contrapõe-se a muitas das características daquela estrutura política que ele vem a substituir; por outro lado, muitas das características dos antigos sistemas políticos persistem, mascaradas ou não, na estrutura do Estado capitalista. Essa característica já era percebida por Tocqueville ainda na primeira metade do século dezenove, quando ele afirmava que as sociedades democráticas modernas substituíam a sociedade hierárquica antiga, mas que nem por isso substituíam ou aboliam a hierarquia mesma. Isso pode ser notado, por exemplo, em O Antigo Regime e a Revolução, quando ele fala da situação das transformações sociais e políticas na Inglaterra.
http://www.cedap.assis.unesp.br/cantolibertario/textos/0007.html
HUMILHAÇÃO
A humilhação é fruto da desigualdade, quando o agressor se coloca como superior, e trata o agredido como inferior, gerando angústia e baixa autoestima na vítima. A humilhação ocorre em todos os setores da sociedade e em todas as classes sociais. Quando um jovem agride um idoso,pois não cedeu lugar de assento; quando o marido agride a esposa dizendo que ela não serve para nada; enfim, quando alguém é tratado com indiferença e se sente inferior, este está sofrendo assédio moral e está sendo humilhado.
Vejam o vídeo:
Vejam o vídeo:
DISCURSO FILOSÓFICO E DISCURSO CIENTÍFICO
O discurso filosófico tem por objetivo provocar a indagação e a reflexão no leitor, enquanto que, o discurso científico é estruturado por meio de dados probatórios, com possibilidades de refutação, a ciência deve ser contraditória. Uma teoria que não pode ser contradita não é refutável, portanto, não é científica.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
O QUE É MITO ?
O LABIRINTO DOS MITOS
O mito é uma narrativa, um discurso, uma fala e uma forma de as sociedades espelharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações. Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir sobre a existência, o cosmos, as situações de "estar no mundo" ou as relações sociais. Mas, o mito é também um fenômeno de difícil definição. Por trás dessa palavra pode estar contida toda uma constelação, uma gama versificada de idéias. O mito faz parte daquele conjunto de fenômenos cujo sentido é difuso, pouco nítido múltiplo. Serve para significar muitas coisas, representar várias idéias, ser usado em diversos contextos. Qualquer um pode, sem cerimônia, utilizar a palavra para designar desde o "mito" de Édipo ao "mito" Michael Jackson, passando pelo "mito" da mulher amada ou da eterna juventude. O que marca o ser humano é justamente sua particularidade de possuir e organizar símbolos que se tornam linguagens articuladas, aptas a produzir qualquer tipo de narrativa. O ser humano fala e muito. Se o mito fosse uma narrativa ou uma fala qualquer, estaria diluído completamente. O mito é, então, uma narrativa especial, particular, capaz de ser distinguida das demais narrativas humanas. Pensando nisso podemos analisar algumas definições correntes do mito que ajudem a avançar com o quebra-cabeças. O mito teria uma forma alegórica que "deixa entrever um fato natural, histórico ou filosófico". Isto parece muito interessante. A partir dessa ideia podemos pensar que o mito carrega consigo uma mensagem que não está dita diretamente. Uma mensagem cifrada. O mito esconde alguma coisa. O que ele procura dizer não é explicitado literalmente. Não "está na cara". O mito não é "objetivo". Tipo pão, pão, queijo, queijo. Está localizado num tempo muito antigo, "fabuloso". Nos tempos da "aurora" do homem; ou, pelo menos, os homens o colocam nos seus tempos da "aurora" fora da história; o mito não fala diretamente, ele esconde alguma coisa.Guarda uma mensagem cifrada. O mito precisa ser interpretado. Quando surgem os mitos? Quando aconteceram os fatos sobre os quais eles falam? Estas questões foram o pretexto para várias polêmicas, análises e estudos. Elas compõem o extenso quadro das questões da origem. A origem do universo, e origem da Terra, a origem da vida, a origem do homem, a origem das línguas. A temática das origens das coisas sempre foi uma preocupação de muita gente. Conseqüentemente, a origem do mito não poderia estar ausente desta constante divagação sobre as origens de tudo.
O mito é uma narrativa, um discurso, uma fala e uma forma de as sociedades espelharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações. Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir sobre a existência, o cosmos, as situações de "estar no mundo" ou as relações sociais. Mas, o mito é também um fenômeno de difícil definição. Por trás dessa palavra pode estar contida toda uma constelação, uma gama versificada de idéias. O mito faz parte daquele conjunto de fenômenos cujo sentido é difuso, pouco nítido múltiplo. Serve para significar muitas coisas, representar várias idéias, ser usado em diversos contextos. Qualquer um pode, sem cerimônia, utilizar a palavra para designar desde o "mito" de Édipo ao "mito" Michael Jackson, passando pelo "mito" da mulher amada ou da eterna juventude. O que marca o ser humano é justamente sua particularidade de possuir e organizar símbolos que se tornam linguagens articuladas, aptas a produzir qualquer tipo de narrativa. O ser humano fala e muito. Se o mito fosse uma narrativa ou uma fala qualquer, estaria diluído completamente. O mito é, então, uma narrativa especial, particular, capaz de ser distinguida das demais narrativas humanas. Pensando nisso podemos analisar algumas definições correntes do mito que ajudem a avançar com o quebra-cabeças. O mito teria uma forma alegórica que "deixa entrever um fato natural, histórico ou filosófico". Isto parece muito interessante. A partir dessa ideia podemos pensar que o mito carrega consigo uma mensagem que não está dita diretamente. Uma mensagem cifrada. O mito esconde alguma coisa. O que ele procura dizer não é explicitado literalmente. Não "está na cara". O mito não é "objetivo". Tipo pão, pão, queijo, queijo. Está localizado num tempo muito antigo, "fabuloso". Nos tempos da "aurora" do homem; ou, pelo menos, os homens o colocam nos seus tempos da "aurora" fora da história; o mito não fala diretamente, ele esconde alguma coisa.Guarda uma mensagem cifrada. O mito precisa ser interpretado. Quando surgem os mitos? Quando aconteceram os fatos sobre os quais eles falam? Estas questões foram o pretexto para várias polêmicas, análises e estudos. Elas compõem o extenso quadro das questões da origem. A origem do universo, e origem da Terra, a origem da vida, a origem do homem, a origem das línguas. A temática das origens das coisas sempre foi uma preocupação de muita gente. Conseqüentemente, a origem do mito não poderia estar ausente desta constante divagação sobre as origens de tudo.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Formas-de-governo: Filosofia e Política na antiguidade
Platão: lei e degeneração da lei
Protágoras: em defesa da democracia
Aristóteles: interesse comum x interesse privado
Políbio: regime misto.
Segundo Platão cada estrato da sociedade tem uma inserção diferente na Pólis, e o ápice da educação na cidade,é a educação dos guardiões-filósofos e do rei-filósofo.
Segundo Aristóteles, o governante deve agir mais segundo a prudência do que segundo a razão, precisa agir na urgência e decidir na incerteza.
1. Formas-de-governo: Filosofia e Política na antiguidade
1.1. Os primórdios
A figura de Sócrates (469 a.c.-399 a.c.) é emblemática para a história da filosofia e, sobretudo, para o que costumamos chamar de filosofia política. Com ele, a Filosofia começará a refletir sobre o que podemos chamar de ‘poder do poder’, ou seja, sobre o poder da verdade que é verdadeira e da verdade que é aparência. A primeira exposição sistemática acerca das formas de governo foi apresentada pelo historiador Heródoto (485 a.C.-420 a.C.) . Em sua obra, História (livro VIII, 79-81), ele narra a conversa entre três persas, Otanes, Megabises e Dario, que após a queda do tirano Cambises, discutiam a fim de decidir a melhor maneira de reorganizar a Pérsia após a tirania. Cada um dos três defende uma forma de governo diferente e critica outra, apresenta argumentos favoráveis a uma ou outra.
• Otanes afirma que a monarquia, devido à riqueza e inveja do monarca, degenera sempre em tirania, e pelo mesmo motivo a disputa entre os que postulam a riqueza e o poder político, então o melhor é entregar o poder ao povo e constituir uma democracia.
• Megabises, o segundo a falar, concorda com a crítica da monarquia mas tem ressalvas quanto à democracia, pois a massa é inepta e desatinada, trocar a prepotência de um tirano pela prepotência da turba implica no mesmo resultado. Defende então a aristocracia, o poder entregue àqueles escolhidos como os melhores homens da Pérsia.
• Dario, por sua vez, afirmou que, em seu estado perfeito, todas as três formas de governo são boas, mas entre elas a monarquia é a melhor quando ocupada pelo melhor homem, pois numa oligarquia surgem conflitos entre os que querem ser chefes, e numa democracia ocorre corrupção nos negócios públicos. Podemos notar que encontramos a classificação das formas-de-governo e um julgamento de cada uma. Uma questão é quantos governam e outra é como governa. Há assim uma descrição de cada forma e em seguida o elogio de uma delas. Esta conversa inaugura o modelo teórico que a antiguidade grega adotou na reflexão acerca das formas de governo.
1.2. Platão: lei e degeneração da lei
Platão (428 a.C.-327 a.C.) discute as formas de governo no diálogo intitulado República. Neste diálogo, as personagens discutem acerca do conceito de justiça. Inicialmente o diálogo trata de refutar algumas teses apresentadas acerca da natureza da justiça. Em seguida pesquisa a noção de Cidade Justa. Trata-se de encontrar a Calipolis, a cidade ideal, a “cidade das palavras”, aquela que é totalmente descrita por meio do planejamento e da reflexão, em que todos os problemas são cuidadosamente pensados e excluídos. Na sua tipologia, a Cidade ideal é a monarquia governada pelo mais sábio entre os sábios, o filósofo-rei, que recebe a melhor e mais completa educação, e que ouve atentamente os outros filósofos. Contudo esta Calipolis é uma Polis ideal, um “lugar no céu” (topos uranos, em grego), as Polis reais são todas sombras projetadas pela Polis ideal do mundo inteligível, não passam de degenerações no mundo da sensibilidade. Assim, todas as formas-de-governo são más, exceto a monarquia ou a aristocracia de sábios. Platão elabora então uma lista de razões pelas quais a Calipolis monárquico-aristocrática se degenera. Inicialmente surge a timocracia, ou seja, uma falsa aristocracia em que não são os melhores que governam, mas os que têm timé, honra, os que têm a reputação e a fama, os que parecem melhores. Estabelece-se uma distinção entre SER e PARECER, o que parece pode ser, mas não é necessariamente. Os que parecem melhores, mas não são, usarão o poder para acumular riquezas e honrarias, e não para o bem comum. Assim, pouco a pouco a timocracia se degenera em oligarquia, quando o poder está com os ricos. Os ricos governam e se entregam às mais diversas dissipações. Com isso, alguns ricos se esbaldam e empobrecem. Uma vez empobrecidos e inconformados com sua situação, insuflam os pobres contra os ricos. Com os distúrbios, a oligarquia degenera em democracia, onde os pobres, ou a maioria governa. Quando a maioria governa, a tendência é a licenciosidade, cada um faz o que quer e não se preocupa com as leis, caímos numa anarquia em que todos governam para ninguém e, na confusão, alguém impõe pela força a ordem política, surge a tirania, a pior das formas de governo. O tirano domina pela força e violência, ninguém tem nenhuma segurança porque o tirano é sempre ameaçador e governa pelo medo. Então é a honra, a timé, que nos servirá para designar os melhores. A degeneração desta é a oligarquia dos ricos, em que o que conta são os bens materiais e não a capacidade. Esta se transforma na boa democracia, onde todo o povo faz a lei da Polis, um elemento de equilíbrio pelo pensamento, pela reflexão, a lei. Em seguida, a degeneração em licença e anarquia, a má democracia, quando a lei não vale mais nada e que suscita o que há de pior na Polis: a tirania, o descontrole da violência e da força dos poderosos. Podemos deduzir então que a reflexão e o pensamento presente na Polis por meio da lei nos permite discriminar boas e más formas de governo: timocracia e democracia que têm a lei como referência de um lado, e oligarquia, anarquia e tirania de outro, em que a riqueza, a licenciosidade da plebe e a violência do chefe são as piores. Assim, a (boa) democracia é o pior regime entre os melhores, e a (má) democracia ou anarquia é o melhor regime entre os piores. Podemos observar a rejeição de Platão pela democracia, especialmente a democracia ateniense. Na democracia antiga, todos os cidadãos livres tinham direito a voz e a voto na , os cargos públicos (taxis ton archon) eram distribuídos por sorteio. Segundo Platão, o bem falar é melhor sucedido do que o bem pensar, a retórica é mais importante que a filosofia, o parecer mais considerado do que o ser. O exemplo que dá no diálogo Górgias, sobre o sofista Górgias (485 a.C.-380 a.C.), é que um canastrão que se apresente como médico sem entender nada de medicina mas conhecedor das regras de persuasão pode convencer o doente a fazer um tratamento, ao passo que um médico capaz e bem preparado que desconhece a retórica não conseguirá convencer o doente a seguir o tratamento. A discussão é interessante: quem é dono da verdade? O filósofo que pensa bem mas não sabe convencer, ou o orador que não sabe pensar mas convence bem?
1.3. Protágoras: em defesa da democracia
Sócrates e Platão eram opositores dos sofistas, pois a filosofia deve se preocupar com a verdade e os sofistas eram mais pragmáticos. Foram os primeiros professores a vender seus saberes, a trocá-los por dinheiro. O saber é um poder que pode beneficiar aquele que sabe. Enquanto Platão defendia a existência da verdade absoluta que estava para além de toda mera aparência, os sofistas defendiam uma postura relativista com relação à verdade. De acordo com esses pensadores, dos quais Protágoras (480 a.C.-410 a.C.) e Gorgias foram os mais expressivos, o poder de persuasão e a força retórica se sobressaem à busca da verdade mesma. O importante, em última análise, não é dizer o verdadeiro, mas levar a melhor no debate, o que é fundamental para o exercício do poder no regime democrático. Protágoras é um dos poucos sofistas que merece o respeito de Platão, que escreveu um diálogo para analisar suas ideias. Protágoras é famoso defensor da democracia e ensinava seus alunos a bem falar e a bem manifestar-se na Assembleia. Considerava que os homens compartilham a razão com os deuses, por isso a discussão aberta dos recursos e problemas conduz sempre à melhor solução. Acreditava que, como diz o mito de Epimeteu e Prometeu sobre a criação dos animais e a distribuição de propriedades (conforme Protágoras, 320-323d.C), todos os homens recebem o “fogo” da razão, ou seja, todos os homens têm a mesma capacidade de pensar, todos podem igualmente compreender as dificuldades e os problemas da Polis e se posicionar adequadamente. Nesse sentido, “o homem é a medida de todas as coisas”, ou seja, cada Polis fornece ao homem suas medidas de pensamento e reflexão. Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) realiza uma análise completa e cuidadosa das formas-de-governo no livro III da Política. Quando um só, poucos ou muitos exercem o poder buscando o interesse comum, temos necessariamente as constituições retas, quando exercem no seu interesse privado, temos os desvios” (1279a). Vejamos então a classificação que ele apresenta. O governo de uma pessoa cujo objetivo é o interesse comum é a monarquia; O governo do maior número, Aristóteles chama simplesmente de "politeia”quando o governo é de poucas pessoas, chamamos de aristocracia. . O desvio da monarquia é a tirania, pois o tirano não governa pelo interesse comum, mas por seu próprio interesse. O desvio da aristocracia é a oligarquia, que é o governo no interesse dos ricos. O desvio da “politeia” Aristóteles chama de “democracia”, ou oclocracia, que é o governo no interesse dos pobres. Posteriormente, estudiosos de Aristóteles associaram democracia à forma boa e mantiveram o nome de oclocracia para a forma corrompida. Em seguida, Aristóteles reflete sobre o princípio de justiça de cada uma destas forma-de-governo, ou seja, como a polis se relaciona com a igualdade e com a desigualdade, a saber, homens e mulheres, cidadãos e escravos, ricos e pobres, estrangeiros, etc. Quais deles e como podem ter uma relação ativa e participante nos assuntos públicos. A Polis precisa contribuir para a felicidade de cada um (eudaimonia) e da mesma forma cada um se dedica aos problemas da Polis, à política. Assim, só os homens livres que se dedicam à política podem ser felizes, mas somente enquanto a política visa o bem comum. Caso defendam interesses particulares, essas pessoas não podem ser felizes, digamos que sejam degeneradas, pois desviam ou corrompem as boas formas-de-governo. Compreendemos então porque Aristóteles usa a palavra “politeia” para o governo da maioria, pois é o governo de pessoas honestas e felizes em função do interesse comum. Por outro lado, quando o governo da maioria é dos pobres (ou da turba, demo em grego), a preocupação maior não é a felicidade ou o interesse comum, mas ocorre a degeneração causada pela carência. Quando “demo” foi associado a todo o povo, democracia foi usada para designar a defesa do interesse comum, e oclocracia para sua ausência ou corrupção.
Observemos ainda que o sentido antigo da palavra “democracia” é diferente do sentido que damos hoje. Na antiguidade grega, tratava-se da democracia direta, todo cidadão tinha direito de voz e voto na Assembleia. Hoje, vigora a democracia representativa, os deputados e governadores que elegemos tomam decisões em nosso nome. Em seguida, Aristóteles reflete sobre o princípio de justiça de cada uma destas forma-de-governo, ou seja, como a polis se relaciona com a igualdade e com a desigualdade, a saber, homens e mulheres, cidadãos e escravos, ricos e pobres, estrangeiros, etc. Quais deles e como podem ter uma relação ativa e participante nos assuntos públicos. A Polis precisa contribuir para a felicidade de cada um (eudaimonia) e da mesma forma cada um se dedica aos problemas da Polis, à política. Assim, só os homens livres que se dedicam à política podem ser felizes, mas somente enquanto a política visa o bem comum. Caso defendam interesses particulares, essas pessoas não podem ser felizes, digamos que sejam degeneradas, pois desviam ou corrompem as boas formas-de-governo. Compreendemos então porque Aristóteles usa a palavra “politeia” para o governo da maioria, pois é o governo de pessoas honestas e felizes em função do interesse comum. Por outro lado, quando o governo da maioria é dos pobres (ou da turba, demo em grego), a preocupação maior não é a felicidade ou o interesse comum, mas ocorre a degeneração causada pela carência. Quando “demo” foi associado a todo o povo, democracia foi usada para designar a defesa do interesse comum, e oclocracia para sua ausência ou corrupção.
Na Filosofia Política Moderna, o poder político deixa de ser pensado pelas formas-de-governo e passa a ser pensado por meio das instituições (institutio, em latim).
autor: Ricardo Monteagudo
Volumes: Pré-Socráticos. Sócrates. Platão. Aristóteles. Cícero/Epicuro/Lucrécio/Sêneca, São Paulo, Abril, 1973-1978. (Os Pensadores).
Sugestão de Filmes
1. SPARTACUS. Direção: Stanley Kubrick. Produção: Kirk Douglas. Intérpretes: Kirk Douglas; Laurence Olivier e outros. [EUA: s.n.], 1960.
2. HELENA de Troia, paixão e guerra. Direção: John Kent Harrison. [EUA;Grécia: s.n.], 2003.
3. SÓCRATES. Direção: Roberto Rossellini. [Itália, 1971].
Protágoras: em defesa da democracia
Aristóteles: interesse comum x interesse privado
Políbio: regime misto.
Segundo Platão cada estrato da sociedade tem uma inserção diferente na Pólis, e o ápice da educação na cidade,é a educação dos guardiões-filósofos e do rei-filósofo.
Segundo Aristóteles, o governante deve agir mais segundo a prudência do que segundo a razão, precisa agir na urgência e decidir na incerteza.
1. Formas-de-governo: Filosofia e Política na antiguidade
1.1. Os primórdios
A figura de Sócrates (469 a.c.-399 a.c.) é emblemática para a história da filosofia e, sobretudo, para o que costumamos chamar de filosofia política. Com ele, a Filosofia começará a refletir sobre o que podemos chamar de ‘poder do poder’, ou seja, sobre o poder da verdade que é verdadeira e da verdade que é aparência. A primeira exposição sistemática acerca das formas de governo foi apresentada pelo historiador Heródoto (485 a.C.-420 a.C.) . Em sua obra, História (livro VIII, 79-81), ele narra a conversa entre três persas, Otanes, Megabises e Dario, que após a queda do tirano Cambises, discutiam a fim de decidir a melhor maneira de reorganizar a Pérsia após a tirania. Cada um dos três defende uma forma de governo diferente e critica outra, apresenta argumentos favoráveis a uma ou outra.
• Otanes afirma que a monarquia, devido à riqueza e inveja do monarca, degenera sempre em tirania, e pelo mesmo motivo a disputa entre os que postulam a riqueza e o poder político, então o melhor é entregar o poder ao povo e constituir uma democracia.
• Megabises, o segundo a falar, concorda com a crítica da monarquia mas tem ressalvas quanto à democracia, pois a massa é inepta e desatinada, trocar a prepotência de um tirano pela prepotência da turba implica no mesmo resultado. Defende então a aristocracia, o poder entregue àqueles escolhidos como os melhores homens da Pérsia.
• Dario, por sua vez, afirmou que, em seu estado perfeito, todas as três formas de governo são boas, mas entre elas a monarquia é a melhor quando ocupada pelo melhor homem, pois numa oligarquia surgem conflitos entre os que querem ser chefes, e numa democracia ocorre corrupção nos negócios públicos. Podemos notar que encontramos a classificação das formas-de-governo e um julgamento de cada uma. Uma questão é quantos governam e outra é como governa. Há assim uma descrição de cada forma e em seguida o elogio de uma delas. Esta conversa inaugura o modelo teórico que a antiguidade grega adotou na reflexão acerca das formas de governo.
1.2. Platão: lei e degeneração da lei
Platão (428 a.C.-327 a.C.) discute as formas de governo no diálogo intitulado República. Neste diálogo, as personagens discutem acerca do conceito de justiça. Inicialmente o diálogo trata de refutar algumas teses apresentadas acerca da natureza da justiça. Em seguida pesquisa a noção de Cidade Justa. Trata-se de encontrar a Calipolis, a cidade ideal, a “cidade das palavras”, aquela que é totalmente descrita por meio do planejamento e da reflexão, em que todos os problemas são cuidadosamente pensados e excluídos. Na sua tipologia, a Cidade ideal é a monarquia governada pelo mais sábio entre os sábios, o filósofo-rei, que recebe a melhor e mais completa educação, e que ouve atentamente os outros filósofos. Contudo esta Calipolis é uma Polis ideal, um “lugar no céu” (topos uranos, em grego), as Polis reais são todas sombras projetadas pela Polis ideal do mundo inteligível, não passam de degenerações no mundo da sensibilidade. Assim, todas as formas-de-governo são más, exceto a monarquia ou a aristocracia de sábios. Platão elabora então uma lista de razões pelas quais a Calipolis monárquico-aristocrática se degenera. Inicialmente surge a timocracia, ou seja, uma falsa aristocracia em que não são os melhores que governam, mas os que têm timé, honra, os que têm a reputação e a fama, os que parecem melhores. Estabelece-se uma distinção entre SER e PARECER, o que parece pode ser, mas não é necessariamente. Os que parecem melhores, mas não são, usarão o poder para acumular riquezas e honrarias, e não para o bem comum. Assim, pouco a pouco a timocracia se degenera em oligarquia, quando o poder está com os ricos. Os ricos governam e se entregam às mais diversas dissipações. Com isso, alguns ricos se esbaldam e empobrecem. Uma vez empobrecidos e inconformados com sua situação, insuflam os pobres contra os ricos. Com os distúrbios, a oligarquia degenera em democracia, onde os pobres, ou a maioria governa. Quando a maioria governa, a tendência é a licenciosidade, cada um faz o que quer e não se preocupa com as leis, caímos numa anarquia em que todos governam para ninguém e, na confusão, alguém impõe pela força a ordem política, surge a tirania, a pior das formas de governo. O tirano domina pela força e violência, ninguém tem nenhuma segurança porque o tirano é sempre ameaçador e governa pelo medo. Então é a honra, a timé, que nos servirá para designar os melhores. A degeneração desta é a oligarquia dos ricos, em que o que conta são os bens materiais e não a capacidade. Esta se transforma na boa democracia, onde todo o povo faz a lei da Polis, um elemento de equilíbrio pelo pensamento, pela reflexão, a lei. Em seguida, a degeneração em licença e anarquia, a má democracia, quando a lei não vale mais nada e que suscita o que há de pior na Polis: a tirania, o descontrole da violência e da força dos poderosos. Podemos deduzir então que a reflexão e o pensamento presente na Polis por meio da lei nos permite discriminar boas e más formas de governo: timocracia e democracia que têm a lei como referência de um lado, e oligarquia, anarquia e tirania de outro, em que a riqueza, a licenciosidade da plebe e a violência do chefe são as piores. Assim, a (boa) democracia é o pior regime entre os melhores, e a (má) democracia ou anarquia é o melhor regime entre os piores. Podemos observar a rejeição de Platão pela democracia, especialmente a democracia ateniense. Na democracia antiga, todos os cidadãos livres tinham direito a voz e a voto na , os cargos públicos (taxis ton archon) eram distribuídos por sorteio. Segundo Platão, o bem falar é melhor sucedido do que o bem pensar, a retórica é mais importante que a filosofia, o parecer mais considerado do que o ser. O exemplo que dá no diálogo Górgias, sobre o sofista Górgias (485 a.C.-380 a.C.), é que um canastrão que se apresente como médico sem entender nada de medicina mas conhecedor das regras de persuasão pode convencer o doente a fazer um tratamento, ao passo que um médico capaz e bem preparado que desconhece a retórica não conseguirá convencer o doente a seguir o tratamento. A discussão é interessante: quem é dono da verdade? O filósofo que pensa bem mas não sabe convencer, ou o orador que não sabe pensar mas convence bem?
1.3. Protágoras: em defesa da democracia
Sócrates e Platão eram opositores dos sofistas, pois a filosofia deve se preocupar com a verdade e os sofistas eram mais pragmáticos. Foram os primeiros professores a vender seus saberes, a trocá-los por dinheiro. O saber é um poder que pode beneficiar aquele que sabe. Enquanto Platão defendia a existência da verdade absoluta que estava para além de toda mera aparência, os sofistas defendiam uma postura relativista com relação à verdade. De acordo com esses pensadores, dos quais Protágoras (480 a.C.-410 a.C.) e Gorgias foram os mais expressivos, o poder de persuasão e a força retórica se sobressaem à busca da verdade mesma. O importante, em última análise, não é dizer o verdadeiro, mas levar a melhor no debate, o que é fundamental para o exercício do poder no regime democrático. Protágoras é um dos poucos sofistas que merece o respeito de Platão, que escreveu um diálogo para analisar suas ideias. Protágoras é famoso defensor da democracia e ensinava seus alunos a bem falar e a bem manifestar-se na Assembleia. Considerava que os homens compartilham a razão com os deuses, por isso a discussão aberta dos recursos e problemas conduz sempre à melhor solução. Acreditava que, como diz o mito de Epimeteu e Prometeu sobre a criação dos animais e a distribuição de propriedades (conforme Protágoras, 320-323d.C), todos os homens recebem o “fogo” da razão, ou seja, todos os homens têm a mesma capacidade de pensar, todos podem igualmente compreender as dificuldades e os problemas da Polis e se posicionar adequadamente. Nesse sentido, “o homem é a medida de todas as coisas”, ou seja, cada Polis fornece ao homem suas medidas de pensamento e reflexão. Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) realiza uma análise completa e cuidadosa das formas-de-governo no livro III da Política. Quando um só, poucos ou muitos exercem o poder buscando o interesse comum, temos necessariamente as constituições retas, quando exercem no seu interesse privado, temos os desvios” (1279a). Vejamos então a classificação que ele apresenta. O governo de uma pessoa cujo objetivo é o interesse comum é a monarquia; O governo do maior número, Aristóteles chama simplesmente de "politeia”quando o governo é de poucas pessoas, chamamos de aristocracia. . O desvio da monarquia é a tirania, pois o tirano não governa pelo interesse comum, mas por seu próprio interesse. O desvio da aristocracia é a oligarquia, que é o governo no interesse dos ricos. O desvio da “politeia” Aristóteles chama de “democracia”, ou oclocracia, que é o governo no interesse dos pobres. Posteriormente, estudiosos de Aristóteles associaram democracia à forma boa e mantiveram o nome de oclocracia para a forma corrompida. Em seguida, Aristóteles reflete sobre o princípio de justiça de cada uma destas forma-de-governo, ou seja, como a polis se relaciona com a igualdade e com a desigualdade, a saber, homens e mulheres, cidadãos e escravos, ricos e pobres, estrangeiros, etc. Quais deles e como podem ter uma relação ativa e participante nos assuntos públicos. A Polis precisa contribuir para a felicidade de cada um (eudaimonia) e da mesma forma cada um se dedica aos problemas da Polis, à política. Assim, só os homens livres que se dedicam à política podem ser felizes, mas somente enquanto a política visa o bem comum. Caso defendam interesses particulares, essas pessoas não podem ser felizes, digamos que sejam degeneradas, pois desviam ou corrompem as boas formas-de-governo. Compreendemos então porque Aristóteles usa a palavra “politeia” para o governo da maioria, pois é o governo de pessoas honestas e felizes em função do interesse comum. Por outro lado, quando o governo da maioria é dos pobres (ou da turba, demo em grego), a preocupação maior não é a felicidade ou o interesse comum, mas ocorre a degeneração causada pela carência. Quando “demo” foi associado a todo o povo, democracia foi usada para designar a defesa do interesse comum, e oclocracia para sua ausência ou corrupção.
Observemos ainda que o sentido antigo da palavra “democracia” é diferente do sentido que damos hoje. Na antiguidade grega, tratava-se da democracia direta, todo cidadão tinha direito de voz e voto na Assembleia. Hoje, vigora a democracia representativa, os deputados e governadores que elegemos tomam decisões em nosso nome. Em seguida, Aristóteles reflete sobre o princípio de justiça de cada uma destas forma-de-governo, ou seja, como a polis se relaciona com a igualdade e com a desigualdade, a saber, homens e mulheres, cidadãos e escravos, ricos e pobres, estrangeiros, etc. Quais deles e como podem ter uma relação ativa e participante nos assuntos públicos. A Polis precisa contribuir para a felicidade de cada um (eudaimonia) e da mesma forma cada um se dedica aos problemas da Polis, à política. Assim, só os homens livres que se dedicam à política podem ser felizes, mas somente enquanto a política visa o bem comum. Caso defendam interesses particulares, essas pessoas não podem ser felizes, digamos que sejam degeneradas, pois desviam ou corrompem as boas formas-de-governo. Compreendemos então porque Aristóteles usa a palavra “politeia” para o governo da maioria, pois é o governo de pessoas honestas e felizes em função do interesse comum. Por outro lado, quando o governo da maioria é dos pobres (ou da turba, demo em grego), a preocupação maior não é a felicidade ou o interesse comum, mas ocorre a degeneração causada pela carência. Quando “demo” foi associado a todo o povo, democracia foi usada para designar a defesa do interesse comum, e oclocracia para sua ausência ou corrupção.
Na Filosofia Política Moderna, o poder político deixa de ser pensado pelas formas-de-governo e passa a ser pensado por meio das instituições (institutio, em latim).
autor: Ricardo Monteagudo
Volumes: Pré-Socráticos. Sócrates. Platão. Aristóteles. Cícero/Epicuro/Lucrécio/Sêneca, São Paulo, Abril, 1973-1978. (Os Pensadores).
Sugestão de Filmes
1. SPARTACUS. Direção: Stanley Kubrick. Produção: Kirk Douglas. Intérpretes: Kirk Douglas; Laurence Olivier e outros. [EUA: s.n.], 1960.
2. HELENA de Troia, paixão e guerra. Direção: John Kent Harrison. [EUA;Grécia: s.n.], 2003.
3. SÓCRATES. Direção: Roberto Rossellini. [Itália, 1971].
domingo, 12 de junho de 2011
FILOSOFIA POLÍTICA
As formas-de-governo definidas na Antiguidade podem ajudar a pensar a globalização liberal e a democracia representativa contemporânea.
As formas de governo da Antiguidade: Monarquia (governo de um), Aristocracia ( governo de poucos) e Democracia (governo de todos), nos remete à reflexão sobre o principal papel do poder nos dias atuais e como deve ser a aplicação e a distribuição desse poder no mundo globalizado e dominado pela influência imperialista, que é exercida pelos governantes das grandes potências mundiais. Nas atuais democracias liberais, a política foi transformada em disputa de interesses particulares de grandes grupos financeiros, que através da lógica financeira e da economia planejada, constroem valores políticos que são assimilados pela grande massa da população, que é subjugada por uma ideologia massificadora. A história muda, mas, a dominação continua através da ideologia cada vez mais forte, com meios de comunicação que nos deixam desconectados e desinteressados, nos controlando continuamente. O poder que se estabelece hoje, é o poder da vigilância, ou seja, a microfísica do poder, como afirmava Michel Foucault (vigiar e punir) que faz com que o Estado se torne presente em todo espaço ocupado pelo indivíduo.
Na Antiguidade, a ideia de que os melhores deveriam ocupar o poder, nos remete as indagações: Mas quem eram esses melhores? Os mais ricos? Os mais sábios? Os mais honrados? Será que apenas estes seriam capazes de compreender e conduzir os negócios públicos, buscando o bem comum e a submissão de todos à lei, tornando a sociedade mais justa e mantendo a paz e a felicidade de todos? Os conceitos sobre a política mudaram no decorrer da história, mas o objetivo continua o mesmo; o de tornar a cidade mais feliz e mais justa, propiciando a paz e a harmonia entre os cidadãos. O conceito de cidadão hoje tem uma dimensão maior, pois com a globalização não somos apenas cidadãos da Pólis, mas sim cidadãos do mundo. As nossas preocupações a respeito da paz não são mais preocupações com a paz apenas da nossa cidade, mas sim, com a paz mundial. A nossa economia depende da economia mundial, enfim somos "cidadãos planetários". A política hoje é internacional e nossas relações como cidadãos do mundo são também internacionais. Enfim, os conceitos de formas de governo da Antiguidade serviram como moldes para a política atual, devemos extrair as qualidades de cada forma de governo da Antiguidade para transformar o meio em que vivemos. Devemos nos inspirar nos ensinamentos de Sócrates, reconhecendo os políticos através do compromisso com a verdade e não com as aparências, nos ensinamentos de Anaximandro que trata da corrupção, de Platão que fala sobre a cidade ideal e esta cidade degenerada.É importante saber distinguir o que é interesse comum e que é interesse particular. A politica ideal é aquela em que o ser precede o parecer, a verdade está além das aparências.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Proposta Curricular do Estado de São Paulo para Filosofia
Proposta Curricular do Estado de São Paulo
para a disciplina de Filosofia
No senso comum, filosofar é tirar os pés
do chão e ficar em devaneios em cima das
nuvens. Essa imagem do pensador com olhar
e mente distantes, flutuando sobre os mortais,
foi criada com a ajuda dos próprios filósofos
e professores de Filosofia, durante anos especializados numa espécie de trava-línguas do
pensamento e alheios às demais manifestações
e dimensões da Cultura. Por isso, considerando que o ensino de Filosofia no nível médio foi
restabelecido de forma legal, parece interessante perguntar como o professor de Filosofia
vê sua presença no universo escolar. Qual o
papel, ou papéis, que ele pode e deve desempenhar? Qual a função do ensino de Filosofia nos atuais formatos curriculares, assentados especialmente no desenvolvimento de competências e habilidades?
Em primeiro lugar, o retorno da Filoso-
fia ao Ensino Médio deve ser entendido como
o reconhecimento da importância desta disciplina para ampliar o significado e os objetivos
sociais e culturais da Educação. Para tanto,
é imprescindível a presença, nos programas escolares, de disciplinas que – como a
Filosofia – propõem reflexões que permitem
compreender melhor as relações históricosociais e, ao mesmo tempo, inserir o educando no universo subjetivo das representações
simbólicas, elevando a Educação a um nível político-existencial, capaz de superar a mera transmissão e aquisição de conteúdos, feitas de modo mecânico e inconsciente. Quem pode discordar, por exemplo, de que já está mais do que na hora de levar os debates sobre ética para fora das aulas e seminários especializados, escondidos nas
universidades e produzidos para meia dúzia de especialistas de fala incompreensível?
Do mesmo modo, por maior que seja a capacidade que os meios de comunicação têm
de influenciar a opinião pública, exercitando
nenhum educador imagina transferir à mídia
a responsabilidade pelo estabelecimento de
valores éticos para formação de crianças e
adolescentes.
A questão se torna ainda mais difí-
cil quando se atribui à escola a função de
formar cidadãos capazes de interferir, de maneira consciente, no contexto social de que
fazem parte. A condição de cidadania não se
materializa com o uso de símbolos exteriores, aplicados após a memorização de umas
poucas sentenças compreendidas, como se fosse um crachá de identificação que diferenciasse seu portador
das demais pessoas que compõem a sociedade. Além disso, é importante lembrar que, para a aquisição dos valores da cidadania, são decisivas as influências que o aluno armazena dos ambientes sociais que frequenta, em
especial a família. É claro que o professor de Filosofia, assim como os demais, deve participar ativamente do processo de percepção e formação desses valores, mas isso não significa que ele deva abdicar das funções de docência, deixando de produzir conhecimento sobre sua disciplina. Essa produção de conhecimento pode
Filosofia promover o debate interdisciplinar.
Assim, por exemplo, de um lado discussões
escolares sobre violência urbana ou racismo
poderiam ser melhor desenvolvidas pelos
professores de Sociologia ou História, a partir
de um diálogo com o professor de Filosofia.
De outro lado, a intermediação da Filosofia
poderia ampliar a compreensão de questões
como desmatamento ou engenharia gené-
tica, trabalhadas nas aulas de Geografia e
Biologia, e assim por diante. As combina-
ções são ilimitadas, permitindo um saudável
intercâmbio de idéias, com benefícios para
alunos e professores.
Entretanto, embora ainda sejam poucas as vozes questionadoras da importância do ensino da Filosofia, os profissionais da Educação, em geral, e os da Filosofia, em particular, manifestam preocupação quanto a algumas questões fundamentais: “Como
ensinar Filosofia?” ou: “Como formar professores para o ensino de Filosofia no ensino médio?”; “Será que os cursos superiores preparam, adequadamente, esses professores?”; “Qual a qualidade do material didático disponível?”; “Como despertar o interesse dos alunos e incentivá-los a pensar filosoficamente?”...
Como é do conhecimento de todos, nenhum desses problemas constitui duvidoso privilégio da Filosofia, podendo ser relacionados às demais disciplinas que compõem os programas de ensino no Brasil. Uma coisa parece, no entanto, certa: não irá muito longe o professor que encerrar um pensador numa espécie de caixa preta, tentando isolar seu pensamento, imaginando que a arquitetura do texto, por si só, poderá levar a qualquer forma de compreensão ou reflexão. Não podemos considerar a hipótese de que o educando terá uma boa formação apenas por conseguir compreender as estruturas do pensamento de um filósofo, isolado em um planeta imaginário onde tempo e história não coabitem. Isso porque o uso de ou o recurso a um pensador, sem a preocupação de fazer pensar o seu leitor contemporâneo, é um exercício inútil. É como deixar de viver e evitar todos os riscos que a vida implica, para durar mais... Além disso – considerando que as manifestações do pensamento devem ser analisadas em sua historicidade –, a própria análise de um
texto filosófico precisa ser historicizada e posta em relação com outras disciplinas. Desse modo, como já foi lembrado, a Filosofia pode assumir uma de suas principais funções, a de ser uma ferramenta conceitual, produtora de síntese, com o que animaria o debate multidisciplinar, elevando os padrões do Ensino Médio.
Aqui, é importante considerar a trajetória percorrida pela Filosofia na história da educação brasileira. Os jovens que frequentam hoje os cursos superiores de Filosofia talvez não saibam que, durante décadas – desde sua aparição em nosso mundo escolar, há cerca de oitenta anos –, seus conteúdos, maltratados ora pelo discurso teológico, ora pela verborragia intraduzível que saía dos moinhos de palavras de alguns especialistas. Estes conteúdos mais pareciam raciocínios emanados de seres supremos, cujos códigos
de acesso poderiam ser decifrados graças à mecânica das palavras, dispensando maiores complicações de pensamento. Recentemente, entretanto, após a instalação dos cursos de pós-graduação (final da década de 1960 e início da seguinte), a Filosofia consolidou-se nos ambientes universitários, aumentando sua visibilidade pública, tanto pelos espaços culturais ocupados pelos profissionais da área como por sua presença nos embates políticos que levaram à superação do regime autoritário instalado no país. As vozes dos filósofos, além de serem ouvidas, puderam, enfim, ser entendidas e, junto com as falas de outros representantes do universo cultural e político brasileiro, mostravam-se mais preocupados com o restabelecimento da democracia no Brasil, do que com o sentido filosófico da cidadania clássica da Grécia antiga. Desde essa época, a solidão contemplativa a que se restringia o estereótipo do filósofo foi recolhida para o espaço da anedota e ele deixou a caverna para ganhar o espaço da Cidade.Essas considerações não devem ser entendidas como uma avaliação depreciativa da História da Filosofia, pois ela foi, é e será sempre fundamental para o estudo da Filosofia. Aqui, o que se considera é que, a despeito de sua importância, a História da Filosofia não deve constituir a principal orientação para o ensino da disciplina na escola pública, pois é com o olhar voltado para o mundo que se aprender a pensar filosoficamente – muitas vezes, recolhendo material nas ruas que o aluno percorre para chegar à escola. Um jornalista, por exemplo, realiza entrevistas com crianças que vivem no tráfico ou na prostituição e encerra aí o seu trabalho; mas certamente a compreensão da questão poderá ser mais bem sintetizada, a partir de seus fundamentos, pelo professor de Filosofia.
terça-feira, 7 de junho de 2011
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA FILOSOFIA
REPRESENTAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Ler textos filosóficos de modo significativo.
• Ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas e registros.
• Elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo.
• Debater, tomando uma posição, defendendo-a argumentativamente e mudando de posição face a argumentos mais consistentes.
• Investigação e compreensão.
• Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e modos discursivos nas ciências Naturais e Humanas, nas Artes e em outras produções culturais.
• Contextualização sócio-cultural.
• Contextualizar conhecimentos filosóficos, tanto no plano de sua origem específica, quanto em outros planos: o pessoal-biográfico; o entorno sócio-político, histórico e cultural; o horizonte da sociedade científico-tecnológica.
Ler textos filosóficos de modo significativo.
• Ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas e registros.
• Elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo.
• Debater, tomando uma posição, defendendo-a argumentativamente e mudando de posição face a argumentos mais consistentes.
• Investigação e compreensão.
• Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e modos discursivos nas ciências Naturais e Humanas, nas Artes e em outras produções culturais.
• Contextualização sócio-cultural.
• Contextualizar conhecimentos filosóficos, tanto no plano de sua origem específica, quanto em outros planos: o pessoal-biográfico; o entorno sócio-político, histórico e cultural; o horizonte da sociedade científico-tecnológica.
Conteúdo de 1ª Série Apostilas - Volume 1 e 2
Na primeira apostila, na situação de aprendizagem 2, o texto trata do funcionamento do intelecto, enquanto que na primeira situação o assunto já havia sido abordado com enfoque no reconhecimento do mesmo. Nesta segunda situação o que se pretende é aperfeiçoamento do reconhecimento apresentando em sua operação de conhecer.
A captação dos sinais externos realizada pelo intelecto humano são comparados aos sinais captados via satélite pelos instrumentos eletrônicos. Kant nos mostra como a filosofia é importante para entender o funcionamento da inteligência. Ele explica que, o conhecimento que temos pode ser posterior à experiência (a posteriori) ou anterior à experiência (a priori).
Na metafísica de Aristóteles a aplicação do verbo ser ( que é a característica de tudo o que existe), e a análise das quatro causas que diferem o ser, nos propicia mostrar ao aluno , de modo simples um pensamento profundo. No estudo dos princípios da lógica entendemos as categorias do seres: o primeiro princípio da razão, que é o princípio da identidade, segundo o qual um ser é sempre idêntico a ele mesmo.
O segundo princípio da razão, o princípio da não contradição, os seres não podem “ser” e “não ser”, sob as mesmas condições.
O terceiro princípio é o princípio do terceiro excluído; uma vez que se afirmou alguma coisa sobre um ser, só podemos dizer se ele “é” aquilo que se afirmou ou se “não é “aquilo que se afirmou. Não há outra resposta.
A apostila volume 2, na situação
de aprendizagem 1, aborda os conceitos de dedução e indução. Através da dedução os conceitos formulados pelas inferências se tornam válidos, pois, é uma formulação analítica. Parte do universal para o particular. Na ciência, a dedução parte se de um pensamento teórico e por ele age, ou por ele conhece outras dimensões do mundo. Por exemplo, a lei da gravitação universal de Newton diz que todos os corpos se atraem segundo uma força derivada de suas massas e sua distância. Desse modo, quando um objeto qualquer cai, na verdade, ele foi atraído pelo Planeta. É a massa do objeto sendo atraída pela massa do planeta Terra. De alguma forma, acreditamos que tudo cai, porque sabemos que há uma lei da gravidade e, a partir dela, podemos prever um acontecimento. Além disso, ela é logicamente válida. Em geral as pessoas sem olhar crítico sobre a ciência pensam que ela é feita por indução (do particular para o universal ). A indução não parte das regras lógicas para se legitimar. Ela parte da experiência. A experiência pode parecer racional, mas não é, pois está envolvida com os sentidos, e não com o raciocínio.
de aprendizagem 1, aborda os conceitos de dedução e indução. Através da dedução os conceitos formulados pelas inferências se tornam válidos, pois, é uma formulação analítica. Parte do universal para o particular. Na ciência, a dedução parte se de um pensamento teórico e por ele age, ou por ele conhece outras dimensões do mundo. Por exemplo, a lei da gravitação universal de Newton diz que todos os corpos se atraem segundo uma força derivada de suas massas e sua distância. Desse modo, quando um objeto qualquer cai, na verdade, ele foi atraído pelo Planeta. É a massa do objeto sendo atraída pela massa do planeta Terra. De alguma forma, acreditamos que tudo cai, porque sabemos que há uma lei da gravidade e, a partir dela, podemos prever um acontecimento. Além disso, ela é logicamente válida. Em geral as pessoas sem olhar crítico sobre a ciência pensam que ela é feita por indução (do particular para o universal ). A indução não parte das regras lógicas para se legitimar. Ela parte da experiência. A experiência pode parecer racional, mas não é, pois está envolvida com os sentidos, e não com o raciocínio.
Para Karl Popper, o valor de um conhecimento científico não vem da observação de experiências, mas da possibilidade de a teoria ser contrariada, ou melhor, falseada. Num primeiro momento, acreditava-se que a ciência comportaria todas as verdades, com base na criação de teorias e leis que surgiriam pela observação de experiências – esta é a crença de indutivistas. Com a ideia de que a teoria precede a experiência. Os falsificacionistas admitem que toda explicação científica é hipotética: no entanto, é o melhor que temos. Quanto mais uma teoria for falseada, melhor seria ela. No momento em que a teoria é falseada, o cientista tentará melhorá-la ou a abandonará.
Os conteúdos desenvolvidos propiciaram o desenvolvimento de diversas habilidades, tais como, selecionar, organizar, relacionar, e interpretar dados e informações, representados de diversas formas. O que se procura com esta proposta é incentivar as competências que possibilitem reconhecer manifestações ordenadas do pensamento e dos problemas da filosofia. Desenvolver uma imagem crítica da ciência.
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